domingo, 26 de agosto de 2012

O pecado de ontem

Hoje eu acordei saudosista. Achei que fosse qualquer coisa como aquelas saudadezinhas que batem no fundo do peito, feito pedra jogada em poço, que só faz barulho ao atingir aquelas emoções profundas. O que seria essa falta que estava sentindo? Pensei sobre isso por toda uma hora - que considero ser um tempo razoável, já que sou muito mais racional e quase não consigo distinguir qualquer outro sentimento de fome - alguma coisa me dizia que era uma agulhada daquelas que a gente denomina nostalgia. Passei cinquenta e três minutos pensando de onde ela teria vindo e quando achei, logo após o término do quinquagésimo oitavo minuto, achei-o ridículo. Poderia ser fome que acharia mais honroso, mas era saudade de escrever. Não é desenhar um texto acadêmico ou soltar uma frase dessas bonitas que todo mundo acha profunda, mas que só é um grão nesse oceano que encontramos todos os dias dentro de nós, mas a vontade que eu estava sentindo era de contar um pouco sobre mim. Algumas pessoas dizem que ter alguém para amar é como ter um cúmplice, alguém que testemunha sua existência. Cai-me a ideia de que eu amo as palavras e, talvez, por amá-las, elas sintam o mesmo. Cumplicidade é não ter medo de ver o lobo, mesmo quando a nítida imagem que lhe aparenta é a de um cordeiro.