Éramos 20*
Quando aconteceu parecia um acidente. De repente alguém, por descuido ou com toda intenção, bateu em uma caixa de tintas e derramou vinte cores em um momento pós-moderno. Contrastantes, iluminadas e cheias de vida, as cores eram totalmente desconexas para qualquer admirador de arte, até para os mais afinados. Essas cores não batiam em nada. Eram simplesmente 19 cores primárias. Uma delas, nunca foi vista entre as outras, mas por conveniência sempre esteve lá. E então, o tempo foi passando.
Algumas cores foram desbotando como as lembranças de um velho amor ou de um amigo querido que viajou para longe. Outras foram ganhando destaque. Esse alguém, apenas olhava a dinâmica de tempo e espaço que não foi estabelecida para que essas cores se compreendessem ou decidissem se combinavam ou não. E não combinavam. Compunham. Dançavam a chamada valsa-vida. Uma fase que para todos pode ser experimentada em uma maneira particular, mas que vai apertar o coração de todos que a deixam. Essas cores-pessoas tiveram bons, maus, horríveis, perfeitos, amigáveis, fortes e intensos momentos juntas. Foram 4 anos. E o que parecia tão distante chegou à galope. E em 2010, a sexta turma de Comunicação Social - Jornalismo já enfrentava tarefas de compor projetos, acompanhar disciplinas, desenvolver o temido TCC - Trauma de Conclusão de Curso. Foram 4 anos, que vivemos os meses de formas aleatórias, as semanas vencendo prazos, os dias perdendo-se na função de noticiar. As horas sempre foram deadlines e os minutos sempre foram contados em alguma locução daquele alguém que conta nossa história.
Não será possível esquecer algumas cores, que ficam frescas na retina quando pensarmos em graduação. Será sempre possível ter o peito acalmado ao pensar que vencemos, que lutamos, que crescemos e decompomos um quadro que foi acidental. Essa obra de arte que está nas mãos do leitor é toda feita em cores. E a cada imagem em preto e branco, temos muito rosa, azul, verde, branco, roxo, vermelho, amarelo, laranja e tantas outras que essas escalas de cinza não podem contar.
Alguns que ficam nesta instituição sentirão saudades, outros lembrarão com carinho e no ano que começa daqui a pouco, alguns só ouvirão histórias de cores-pessoas que queriam mudar o mundo. E não tem como dizer que não queríamos. A cada pauta, a cada entrevista, a cada trabalho, a cada discussão acalorada sobre teorias em sala, a cada bom ou mau gesto entre graduandos, nós sempre quisemos salvar o mundo.
E nossa marca ficou no que disse sabiamente Regina de Oliveira, professora da disciplina de Redação Jornalística, no primeiro ano. “Endureçam, mas não percam a ternura”. Outras frases dela ficaram, mas não seria de bom tom citá-las. Ficaram outros grandes mestres e professores dedicados que nos instruíram na arte de contar histórias da vida real.
Eram 19 cores e em quatro anos, apenas 12 delas ficaram. E talvez, menos delas amanhã se deparem com o desesperador mercado de trabalho. O futuro que parecia tão distante enquanto nossas pautas caiam no primeiro ano.
E nessa hora, cabe citar a frase de Rodolfo Londero. “Neste momento, já não me cabe falar mais nada”. Agora nos resta seguir. Cada um a sua estrada, mas todos com um potencial que não será em nenhum momento questionado. Jornalistas. Cores-pessoas.
Esta é nossa última edição. A sexta turma de Comunicação Social - Jornalismo - Elisa Roseira Ferreira Leonardi se despede da Universidade Estadual do Centro-Oeste com muita coragem para seguir, com algumas manchas coloridas pelo corpo e pela alma, pelas pessoas que conhecemos e pelo que elas nos tornaram. Nessa edição você encontrará as últimas matérias feitas por graduandos. E um dia, ainda lerá, ouvirá ou assistirá outras que foram feitas por estes jornalistas.
*Este texto foi publicado na última edição do sexto ano de produção do Jornal Laboratório Ágora em revista, desenvolvido nas disciplinas de Estágio Supervisionado em Jornalismo e Jornal laboratório, no ano de 2010, no curso de Comunicação Social - Jornalismo. Eu, como autor, reproduzi o texto aqui para matar um pouco uma saudade que fica.
uma saudade sem fim (:
ResponderExcluirvc e essa mania de emocionar....
ResponderExcluirfilho...te amo.