quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O pecado do isolamento

"Nenhum homem é uma ilha". John Donne (1572-1631)

Mas temos os nossos territórios. Os silêncios que não partilhamos. As palavras que não envolvemos e nem desenvolvemos. Somos gotas, somos lágrimas e tudo mais que for liquefeito. Realmente, não somos uma ilha. Somos quem sabe uma fagulha. Há dias em que brilhamos sós e, às vezes, nem diante do espelho teremos o calor ou o brilho necessário para fazer diferença. Então nos recolhemos, nos recompomos, nos lapidamos. Ser só é algo inerente ao ser humano. Não somos uma ilha. Mas ninguém nos conhece. Os que nos veem, enxergar apenas as delimitações sociais que são impostas. Não somos tudo que veem. Estamos lá. Por isso nos chamam daquilo. Daquilo tudo. Somos aquilo que se pode ser em diversos momentos. Mas apenas aquilo que se pode. Aquilo que se quer.
Há dias em que brilhamos estrelas frias, meio para dentro de nós. Buracos-negros de sonhos imperfeitos. Somos aquilo que está debaixo da cama, que esquecemos dentro de um livro. Uma das flores que nunca mandamos. Há dias em que o isolamento se faz necessário para se perceber as testemunhas, os álibis de nossos sonhos e ideais.
Simplesmente há dias. Em que não há um rastilho de pólvora. Então, como fagulhas, brilhamos sós.

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