domingo, 9 de outubro de 2011

O pecado da miragem

As luzes eram das mais diferentes cores. Os gestos, os rostos, os corpos, tudo vibrava em mesma sintonia. Todos dançavam consigo e com outros vistos, não vistos e revistos em sonhos de noites de sábado. Era uma sensação de que se pode estar sempre com todos e sozinho. É ali que o indivíduo se vê e vê tantos outros eus com outros olhares, rostos e corpos...
Foi num momento de descuido que as luzes pararam. Os corpos se movimentavam mais lentamente e me deparei com aqueles olhos. Olhos como tempestades castanhas que profundamente tragavam os passantes. Eram olhos tão intensos que me deixou extremamente embriagado. Nem o vinho, nem as cores, nem a música faziam tanto efeito quanto aqueles olhos. Eram miragens em um deserto de pessoas que não apresentavam tanto.
Uma miragem que se movimentava ao som de uma música própria. À meia-luz trazia silhuetas do corpo aos meus olhos, embevecidos...
Uma vontade de mergulhar naqueles olhos, de conhecer aquela boca, de me perder nos traços e gestos...vontades...

E, de repente, parece que os contos de fadas são tão reais perto daquele olhar...

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