"Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor" (Caio Fernando Abreu).
Às vezes, tenho uma vontade absurda de cobrar. Cobrar atenção, cobrar carinho, cobrar compreensão e tantas outras dessas ações que faço sem esperar nada em troca. Realmente ao desenvolver algo, não fico premeditando que lucros terei de um bom gesto, apenas o faço. Entretanto, ler esta frase do Caio me deixa, meio perdido. Não espero nada em troca? Acho que não posso dizer isso. Sou uma pessoa que responde o triplo do que me é dado. É apenas um sorriso, devo respondê-lo, com a alegria que deixei de ter aos 13 anos. É uma ajuda, ofereço meu ombro sem nenhum saldo a ser pago, apenas não esperarei ser desamparado em um momento de necessidade.
Talvez esse seja o maior problema dos desassossegados, de Martha Medeiros. "Somos sabiamente apressados". Amamos mais do que precisamos e recebemos menos amor do que planejavam. E no verbo amar você pode variar diversos sentidos. Os desassossegados são intensos em tudo. Buscam ser, pensar e agir da melhor maneira, serem sempre elogiados pela capacidade sobre-humana de suportar o insuportável.
Nós queremos salvar o mundo, queremos que as pessoas sejam felizes, que tudo dê certo no final para todos. E, infelizmente, esperamos algo em troca. Não acredito que fazemos errado, apenas acho que ingratidão e silêncio combinam muito bem. Eu, desde muito novo, fui sempre ensinado a agradecer, a perguntar se precisa de ajuda, a se oferecer. Coisas de minha mãe, uma mulher daquelas que como poucas italianas, tem o costume besta de acreditar em contos de fadas. Poucos como eu, que ainda escrevem pensando que isso resolverá algo no externo. Temos fé nisso. Queremos acreditar mais que tudo. Mas nossa crença, sempre nos desespera com a ideia de que mudamos, de que crescemos e as guerras ainda são as mesmas.
Não acho que os "bonzinhos" devam mudar de atitude, acho apenas que nos importamos demais e o mundo perdeu o que significa se importar com o outro. Pernas cansadas caminham quilômetros para se fazer presente. Mas a ausência, em qualquer momento, pode ser inevitável...Tenho medo de perceber o quanto tenho me deixado de lado...Nesse doce pecado de fazer pelos outros, sempre acreditando que não estará sozinho. No final, somos sempre nós em nossos quartos escuros, redigindo nossas solidões...
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