quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O pecado da dúvida

Penso em dizer. Não sei se devo. E se digo, acabo me tornando aquilo que digo, para poder dizer aquilo que penso. Se não quero, acabo não dizendo, ou agradecendo, seja por bem, seja por mal. Se sonho, sonho pouco, meio mal sonhado. E querer já se torna a medida exata para deixar de lado o alvo de tal desejo. Não sei se fico ou se passo. Sei que os portos estão todos fechados e meu barco já não tem ancoradouro. Estou eu cá a deriva, esperando, esperando, esperando. Às vezes acho que fazer pode ser perigoso. Um gesto, um ato, uma decisão. Mas eu falo. Sempre falo. Às vezes falo como quem aconselha, por outras falo como quem implora. E devo fazer isso? Devo aceitar todas as variações? As cores estão dispostas e as cartas estão na mesa. Será que se resolve tudo assim falando. Já não sei se o querer deve ser a medida exata. Porque se fosse, teríamos bolos só de recheio, teríamos semanas só de fins de semana e teríamos coisas eternas e outras tão efêmeras quando ir até o mercado. Somos. Vivemos. Queremos.

"Acho que não sei quem sou.
Ferida leve, tiro de canhão.
Simpatia ou apatia.
Não dá para saber quem sou"

O pecado só é fazer aquilo que se quer. Não esperando nada em troca e tendo consciência de que podemos, queremos e modificamos o mundo e seus portos. Às vezes, a tormenta está apenas nos olhos dos navegantes.

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