Encontro-me de olhos abertos. E a claridade da manhã me incomoda. Digo bom dia, mas gostaria de dizer que prefiro continuar a dormir. Levanto, vou ao banheiro. Penso em você. Sim, em você que lê este texto e penso no quanto você pode me achar ridículo por falar sobre os pecados como as possibilidades de se viver. No como o meu crer de que "o pecado é apenas aquilo que consideramos errado" e fico enauseado com a ideia de você concordar com tudo isso. E digo a mim mesmo que as pessoas me gostam. Vou ao espelho. Encaro o grotesco ser que vive dentro. Encaro a grotesca casca que vive fora e penso que o cabelo ficou torto, que os olhos são muito fechados, que a boca é muito aberta. E digo, a mim mesmo, nossa, como acordei bem.
Vou aos meus afazeres. Odiando o fato de que não consegui ainda chegar a conclusões. Sabendo que não as quero, mas que preciso delas, me acho ignorante a ponto de querer desistir de tudo. E penso. Hoje estou otimista!
Detalhes mal feitos. Detalhes desses como rabiscos em papel. Nós temos sempre a ideia de que poderemos nos melhorar. Mas nem sabemos o que somos. Sempre achamos que algo está horrível. Sem repararmos que tudo pode ser nosso. Que só nós podemos ter tudo que temos. Lembro de uma querida amiga que sempre comentava... "Minha sobrancelha esquerda está horrível. Mas a direita é perfeita. As duas nunca ficarão iguais. Acontece." É da vida. É do mundo.
Entretanto, gosto do desafio de acreditar que mentir seja a melhor opção. Talvez não seja. Mentir é muito humano. Jogar é muito humano. Mas só nós, humanos, podemos lidar com a sagrada culpa dos profanos pecados.
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